Pacientes intoxicados por metanol em São Paulo na onda de contaminação com bebidas adulteradas tiveram comprometimento parcial ou até mesmo total da visão. As chances de reversão dessa sequela são baixas e a melhora na condição clínica depende principalmente do tratamento precoce após a ingestão da substância.
Assim como para outras complicações causadas pelo metanol, a perda na visão ocorre a partir da metabolização da substância no organismo humano, processo que dá origem ao formaldeído e ao ácido fórmico. Esse ácido afeta o metabolismo de oxigênio –em outras palavras, é como se ele asfixiasse as células por diminuir sua capacidade de respiração.
“Os nervos do corpo, em especial o nervo óptico, são os mais sensíveis a isso, então essas células acabam entrando em sofrimento e morrem, comprometendo a visão”, explica Marcus Gaz, cardiologista e gerente médico das unidades avançadas do Einstein Hospital Israelita.
Estudos científicos já investigaram o tema para entender se o comprometimento na visão continuou mesmo após a fase aguda da intoxicação. Uma dessas pesquisas acompanhou por seis anos 27 pacientes que sobreviveram após ingerir metanol em uma crise na Estônia em 2001.
Sobre as sequelas, incluindo visuais, os autores da pesquisa concluíram que todas elas “ainda estavam presentes seis anos após o envenenamento inicial, sugerindo que se tratavam de danos irreversíveis”.