Mote de Danilo Cabral, “o tempo bom vai voltar”, é desrespeitoso com Paulo Câmara, mas não surpreende

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É impossível dizer que a estratégia do PSB de fingir que os problemas não existem e pular períodos para apagar pessoas, por mais que seja um elogio ao cinismo, não funcione.

Eduardo Campos foi eleito usando o nome de Arraes e ninguém nem falava no quanto as gestões do avô foram conturbadas.

Não se pagava salário aos funcionários públicos na época de Arraes, só pra ter uma ideia. Mas, nem uma palavra sobre isso na eleição e nem nos anos seguintes.

João Campos (PSB) foi eleito relembrando Eduardo e Arraes. Como se o PSB nunca tivesse governado o Recife antes e a salvação estivesse se apresentando na forma de um herdeiro político, com seu sangue “nobre” e seus olhos claros.

Era o fim de um período de oito anos de Geraldo Julio (PSB) à frente da prefeitura. Com rejeição altíssima, ninguém ouvia falar em Geraldo na campanha de João. Era como se ele não existisse.

Como estratégia, funcionou. Do ponto de vista ético e moral é outra discussão. Agora, o discurso de Danilo Cabral (PSB) chama atenção pela intenção de fazer o mesmo.

“O tempo bom vai voltar”, mote da campanha do pré-candidato socialista, leva a uma série imediata de perguntas: o tempo de Paulo Câmara é ruim?

É o PSB admitindo que fez bobagem indicando Paulo para ser governador por quatro anos e depois renovando esse erro com a reeleição?

É o PSB concordando que foi uma má escolha e que induziu os eleitores ao erro?

Paulo tem rejeição alta em Pernambuco. Mas, está gastando dinheiro do jeito que dá para garantir que Danilo tenha o que apresentar pelo PSB. Normalmente, quem “paga a conta” é tratado melhor.

A regra, ao que parece, é que “não existe governo ruim do PSB. Se é ruim, garante-se que não seja mais PSB” e está resolvido.

Parece absurdo? É, parece. Mas é preciso pontuar que sempre deu certo, até agora.

Por Igor Maciel da coluna Cena Política