Alceu Valença lança segundo álbum do atual projeto voz e violão

 (Foto: Leo Aversa/Divulgação)

Alceu Valença lançou, nesta sexta-feira (23), a segunda leva de uma série de quatro álbuns no formato de voz e violão, sempre trazendo algumas canções inéditas e releituras acústicas de seus clássicos. Dessa vez, as inéditas são Era Verão e Saudade, que dá nome ao álbum. A faixa-título reflete o período da quarentena na pandemia. Alceu resgata uma das suas facetas de cancioneiro, expressando com suavidade e lirismo todo o espanto diante do medo, das despedidas, das desigualdades.

“Saudade de amigos como eu confinados / que mesmo distantes estão ao meu lado”, canta o artista. “Projeto um planeta mais civilizado / saúde e empatia sem pobres coitados”, sonha o poeta, que em entrevista mais recente ao Diario de Pernambuco criticou durante a desigualdade social intensificada pela pandemia.

O samba inédito Era Verão, que abre o álbum, tem como tema a mudança do jovem Alceu do Recife para o Rio, no começo da década de 1970. Seguindo o padrão estabelecido no trabalho anterior, Sem Pensar no Amanhã, o álbum também tem uma ordem de faixas que compõe um roteiro sentimental idealizado por Alceu.

Na sequência, versões intimistas de dois de seus maiores sucessos: Tropicana e Como Dois Animais (ambas de 1982) remetem a verões festivos, repletos de mistérios, desejos e sabores tropicais. Ai de Ti Copacabana (2005) e Andar Andar (1990), mantém o Rio de Janeiro no radar. A primeira, alude à crônica de Rubem Braga, a segunda flerta com o blues.

Tesoura do Desejo (1991) é uma canção de separação, ambientada ‘num certo bar Leblon’, que prepara o clima devorador de Solidão (1984). E por falar em saudade, o Samba do Tempo (2005) se dilata como um fio para reconduzir o artista a seu sempre acessível idílio olindense, na bossa Ladeiras (1994) e no mantra Olinda (1985), onde o silêncio rompe a madrugada pela paz dos mosteiros da Índia.

Gravado no Estúdio Tambor, no Rio de Janeiro, com produção de Alceu Valença e Rafael Ramos, o álbum tem Matheus Gomes na técnica e Yanê Montenegro na produção executiva.