Áudio atribuído a ministro Tarcísio agita caminhoneiros na véspera da greve

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas - Bruno Santos/ FolhapressCircula pelos grupos de WhatsApp dos caminhoneiros um áudio atribuído ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, em que ele aparece dizendo que não vai atender a nenhum item da pauta dos motoristas que anunciaram greve para amanhã. A suposta fala do representante do governo está sendo muito criticada e inflamou ainda mais o movimento.

A conversa teria ocorrido ontem. A um representante da categoria, que se identifica como vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade gaúcha de Capão da Canoa, Freitas teria dito ser impossível não só atender as reivindicações atuais, como também fiscalizar o cumprimento dos benefícios conquistados pelos caminhoneiros na greve de 2018.

Naquela ocasião, a paralisação foi apoiada pelo então candidato a presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Depois do movimento, a maior parte da categoria anunciou que votaria nele.

Fontes da coluna que costumam tratar com Freitas afirmam que a voz da pessoa gravada é do ministro.

Entre outras coisas, o ministro teria dito ao interlocutor:

 – que os caminhoneiros precisam “desmamar” do governo;
 – que os integrantes da categoria devem pensar como empresários;
 – citado obstáculos econômicos e prefeitos e governadores que “fecharam tudo” (referência a localidades que tiveram lockdown para conter a pandemia)
 – levantado a suspeita de a paralisação ter motivação política, por estar marcada para o mesmo dia da votação da presidência da Câmara dos Deputados.

No início da conversa, a voz atribuída ao ministro lembra que Freitas sempre recebeu os representantes da categoria para ouvi-los. “Achar que tem que fazer paralisação para conversar… esquece. Na verdade, a paralisação fecha portas”, diz o homem. “Enquanto tiver a paralisação eu não converso com ninguém”.

Muitos participantes dos grupos de caminhoneiros comentam que as reuniões que não resultam em medidas concretas.

Os motoristas pedem isenção de impostos nos derivados de petróleo, para derrubar as despesas com combustível, pneus e itens de manutenção; fiscalização nas estradas que garanta o cumprimento da lei que estabelece piso mínimo do frete; gratuidade nos pedágios e outros itens.

Ao ser cobrado sobre o cumprimento do valor básico do transporte, a voz atribuída a Freitas diz que nada pode fazer. “A fiscalização não é efetiva e não vai ser nunca. Venderam pra vocês o piso mínimo de frete, que não vai funcionar nunca”, afirma. Ele diz que foram aplicadas 13 mil multas nos contratantes que descumpriram a lei, que de nada adiantaram.

“Como vai tirar o direito de um embarcador ou de uma transportadora de contratar mais barato?”, argumenta. Em seguida, diz que o problema é de mercado, não de governo, e conclui que a greve de 2018 “deixou as empresas mais fortes”.