Sermão na Basílica de Aparecida tem crítica às queimadas, notícias falsas e idolatria a autoridades

 (Foto: Santuário Nacional de Aparecida/Reprodução/Facebook)

Maior templo da igreja católica no Brasil, o Santuário Nacional, em Aparecida do Norte (SP) ficou esvaziado neste dia 12 de outubro, dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Bem diferente do cenário de 2019, quando 219 mil fiéis estiveram no local, a pandemia da covid-19 exigiu que celebrações se adequassem a formato online.

Bastante esperado, o sermão do arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, esteve completamente alinhado às pautas nacionais da atualidade. Destacando as queimadas registradas no Pantanal, Amazônia e cerrado nas últimas semanas, disse: “O Pai disse assim: faça-se as árvores e o homem ganancioso disse ‘cortemos as árvores'”, logo após rogar em oração “Não deixai que nosso Brasil se perca nas chamas”. Os anos de 2019 e 2020 foram os recordistas em desmatamento nos meses de setembro em toda a história.

Apesar de não citar nomes, o sermão adquiriu um tom politizado, ao caracterizar a impunidade como “um dos dragões que está voltando”. Em seguida, recomendou aos fiéis de sempre usar da verdade, em vez de mentiras ou fake news e disparou: “Nas nossas mãos, a espada do espírito para a gente então se despir de tudo que é idolatria. Às vezes idolatramos até pessoas, raças, autoridades. Tomam o lugar de Jesus esses ídolos que nos destroem”.

Na estrutura montada para a transmissão, impossível não perceber as diferenças provocadas pela covid-19. Poucas pessoas autorizadas a entrar na Basílica acompanharam pessoalmente o sermão. A celebração teve início às 9h, com pessoas equipadas com máscaras e face shields, detalhe que não passou despercebidos nas representações da família da própria Virgem.

Sobre a pandemia, o arcebispo lamentou: “É muito luto, é muita lágrima. A não ser que não vivamos no Brasil. É preciso sentir a dor desse povo. Porque órfãos aumentaram, pessoas viúvas estão a sós. Quanta dor, quanto sofrimento”.