Coronavírus: Operações policiais devem ter impacto nas eleições municipais de 2020

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O coronavírus já era motivo de preocupação em todo o mundo quando, no dia 6 de fevereiro deste ano, antes mesmo da confirmação do primeiro caso de covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sancionou a Lei 13.979, que, entre outras coisas, permitia a dispensa de licitação para compra de bens, serviços e insumos de saúde destinados ao enfrentamento da emergência de saúde pública provocada pela nova enfermidade. De lá para cá, cerca de 50 mil brasileiros morreram em decorrência da doença e várias operações policiais foram deflagradas para investigar irregularidades na gestão dos recursos que deveriam ser usados para o combate à pandemia, fato que, em ano de eleições municipais, deve ser amplamente explorado durante a campanha.

Nas últimas semanas, apenas no Recife, três operações foram deflagradas pela Polícia Federal para apurar desde aparentes irregularidades nos contratos da prefeitura para aquisição de respiradores pulmonares, até o possível cometimento de crimes como falsidade ideológica, peculato e dispensa indevida de licitação por membros da administração municipal. Mas a capital pernambucana não é a única a passar por essa situação. Em Pernambuco, além da própria gestão estadual, cidades como Petrolina, Paulista e Camaragibe, por exemplo, também estão na mira dos investigadores.

José Patriota (PSB), presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e prefeito de Afogados da Ingazeira, dá como certo o uso político não só das operações policiais que têm sido feitas no País durante a campanha, como também dos outros efeitos pandemia, sobretudo contra gestores que buscarão reeleger-se. “A oposição leva vantagem porque os prefeitos tiveram que tomar medidas antipáticas nesse período e isso vai ser usado para desgastar a imagem deles. E aí entra a polêmica que está acontecendo com relação às compras feitas durante a pandemia. Ora, se o mundo todo está precisando de uma dúzia de laranjas, mas o mercado produz apenas seis, essas seis laranjas vão ficar muito caras. Eu não estou dizendo que não tem maldade em alguns casos, mas a maldade não é o que predomina”, detalhou o gestor.

Patriota critica, ainda, a maneira espetacularizada como, segundo ele, as corporações policiais têm conduzido as operações que buscam irregularidades nos gastos para combater a covid-19. Para o prefeito, essa forma de atuação não teria efeito prático relacionado à punição de quem comete esse tipo de crime. “Divulgação sem apurar até o fim é uma coisa complicada. Você deve correr atrás dos ratos e punir severamente, mas tem que ter muito cuidado porque o pré-julgamento é terrível. O ideal é notificar o ‘cara’ e pedir o que se quer. Se ele não der, que se faça uma busca. Não precisa fazer um espetáculo ainda na fase de apuração. Em nome da transparência o ‘cabra’ virou o satanás e sua reputação nunca mais ele recupera”, ressaltou.

Do JC Online