Humberto Costa sai em defesa da Igreja Católica e chama de ‘espionagem’ trabalho da Abin

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A notícia de que o governo Bolsonaro está espionando a Igreja Católica por considerar a instituição como “potencial opositora” foi vista com preocupação pelo líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT).

Antes do confronto aberto este começo de semana, o novo governo federal havia ameaçado cortar verbas de ONGs, em especial indigenistas, muitas delas controladas pela Igreja católica. Também tem prometido atacar problemas no sistema prisional, que conta com uma ação específica das igrejas também. Sem contar, a ameaça de reduzir verbas públicas para o ensino superior, como universidades, onde as igrejas também atuam.

Para o senado de Pernambuco, usar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para investigar as ações do clérigo é um atentado à liberdade religiosa e de expressão no Brasil.

“Na sua sanha persecutória, o governo tem usado a Abin para fazer investidas contra a Igreja e seus fiéis. Vale lembrar que o Brasil é o país com a maior população católica do mundo, representando sozinho 27,5% dos católicos de todo o globo. É inaceitável esse tipo de ação em um país que se diz democrático. Não vamos aceitar esse absurdo. No Senado, vamos discutir ações e pedir explicações ao governo”, afirmou Humberto.

O senador disse que a ‘perseguição’ à Igreja Católica não tem nenhum sentido.

“Muito menos, a acusação de que a Santa Sé estaria fazendo uma ação sistemática contra o governo tem “base na realidade”. As preocupações do governo Bolsonaro têm se dado por conta da preparação do Sínodo sobre Amazônia, que deve acontecer em Outubro, em Roma, quando bispos de todos os continentes irão debater temas como a preservação do meio ambiente e a defesa de povos indígenas e quilombolas. “A Amazônia não diz respeito só ao Brasil, tem outros países latino-americanos que também têm em seu território a floresta. E nós sabemos o quanto o Brasil vai mal nesta questão do meio ambiente. Nós ainda estamos chorando os mortos do último desastre ambiental, em Brumadinho”, disse Humberto.

“A ação relembra um período sombrio da história do Brasil, a ditadura militar, quando a Igreja sofreu com ações de difamação, invasões, prisões, tortura e até assassinatos. Entre os casos emblemáticos, está o do padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, auxiliar direto do arcebispo Dom Hélder Câmara. Ele foi sequestrado, torturado e morto no Recife, em maio de 1969”.

Humberto ironizou o fato de o governo dizer que vai pedir ingerência da Itália na Santa Sé.

“O absurdo dessa ação é tamanho que, mais uma vez, o Brasil vai virar motivo de chacota mundial. O que o governo Bolsonaro parece não saber é que a Itália não interfere nas ações do Vaticano, que é um país soberano, com estrutura própria de Executivo, Legislativo e Judiciário, e que a Igreja tem toda a liberdade de se posicionar da forma que achar que deve”, afirmou o senador.