Após padre ser barrado, disputa pelo Cristo Redentor vira caso de polícia

Rio 456 anos: Cristo Redentor assume mais uma vez o protagonismo, mesmo em  tempos de pandemia - Jornal O Globo

Uma disputa entre a Arquidiocese do Rio e o Ministério do Meio Ambiente foi parar na delegacia. Na segunda-feira, 13, a arquidiocese registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) do Rio. Acusava o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) de intolerância religiosa. Segundo a queixa, o órgão federal teria, ilegalmente, impedido a passagem de religiosos rumo ao Santuário Cristo Redentor.

O santuário é composto pela estátua do Cristo Redentor – principal símbolo do Rio – e o seu entorno. O conjunto inclui o mirante e a capela de Nossa Senhora Aparecida, onde são celebrados batizados, casamento, missas e vigílias. Toda essa parte construída no topo do morro do Corcovado é mantida e administrada pela Arquidiocese do Rio, tendo como autoridade máxima o padre Omar Raposo, reitor do santuário.

Mas o morro e todo o santuário ficam no Parque Nacional da Tijuca, que é uma área de floresta administrada pelo ICMBio, órgão do Ministério do Meio Ambiente. O instituto tem o poder de controlar o fluxo de visitantes no lugar.

Os turistas têm duas formas de chegar ao monumento. Uma é pelo Trem do Corcovado; outra, por vans credenciadas pelo ICMBio. O transporte de trem custa de R$ 27 (para idosos a partir de 60 anos residentes no Brasil) a R$ 88 (bilhete comum para sábado, domingo ou feriado). A tarifa da van é de R$ 28,20 a R$ 91,40, conforme o ponto de embarque, o dia da semana e outros fatores.

Segundo a arquidiocese, nesse valor estão embutidas duas taxas, de transporte e de visitação, cobradas pelo órgão ambiental federal. Por lei, a administração de qualquer parque nacional pode cobrar taxas de seus visitantes. Nesse caso, o ICMBio só cobra de quem vai ao Cristo – a visita a qualquer outro ponto do Parque Nacional da Tijuca é gratuita.

Apesar de cobrar as taxas, segundo a arquidiocese o ICMBio não repassa nenhum valor à Igreja Católica, que diz arcar com as despesas de conservação do monumento. Além dos turistas, circulam pelas vias de acesso ao Cristo Redentor os religiosos responsáveis pelo santuário e seus eventuais convidados. Quando se promove um casamento, por exemplo, uma lista com nomes de todos os convidados é enviada previamente pelo santuário ao ICMBio, solicitando para eles a autorização de acesso.

No último sábado, porém, uma comitiva composta pelo padre Omar e pessoas que iriam participar de um batizado agendado para as 7h30 foi barrada por funcionários do ICMBio, que alegou não haver autorização para que seguissem adiante. O santuário divulgou nota, dizendo que, só nos primeiros 11 dias de setembro, religiosos ou funcionários haviam sido barrados três vezes.