Greve dos caminhoneiros: ‘Esse é o pior governo que o Brasil já teve’, diz líder de paralisação

Wanderlei Dedeco foi uma das lideranças da greve de caminhoneiros de 2018 - Arquivo pessoal

Após pegar uma forte pneumonia que afetou seus dois pulmões em abril do ano passado e ficar em isolamento dentro do seu caminhão, parado em um posto de gasolina à beira de uma rodovia, o caminhoneiro Wanderlei Alves, mais conhecido como Dedeco, sofreu outro revés.

Com a queda de demanda e do preço do frete em meio à pandemia, Dedeco atrasou o pagamento das parcelas e teve tomados de volta pelo vendedor seus três caminhões.

Sem o ganha-pão depois de 27 anos passados na boleia e desgostoso com o aparelhamento da categoria pelo governo federal após a greve de 2018, o caminhoneiro, que foi uma das lideranças da mobilização que abalou a economia do país, decidiu mudar de ramo.

“Dos caminhões, só me sobraram os pneus. Foi o que eu vendi para abrir minha hamburgueria”, conta Dedeco, que agora é dono de uma lanchonete em Curitiba, no Paraná.

O ex-motorista, hoje com 46 anos, acredita que a greve chamada por parte da categoria para 1º de fevereiro não deve acontecer, já que boa parte dos caminhoneiros segue, na sua visão, “muito apaixonada ainda” pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Conforme Dedeco, o anúncio da greve foi uma estratégia de parte dos caminhoneiros para reabrir o diálogo com o governo, que havia sido interrompido pela pandemia.

O fato de os motoristas de caminhão terem sido incluídos na última sexta-feira (22/01) entre as categorias prioritárias para vacinação contra a covid-19 e de o governo ter zerado o imposto de importação para pneus usados no transporte de cargas mostram que a pressão já surte efeito.