Odair José em mais um disco de rock and roll

Odair José, na casa das moças / Foto: Divulgação

Odair José já tentou caminhar pelas próprias pernas com o álbum O Filho de Maria e José, uma ópera rock, fracasso de vendas, que o tirou da RCA. Ente 1991 e 1993, estourado com iê-iê-iês fora época (que passaram a chamar de brega), Eu Vou Tirar Você Deste Lugar, Esta Noite Vocë Vai Ter que Ser Minha, Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula), Deixe Esta Vergonha de Lado (conhecida como Melô das Empregadas), Odair José foi deixando de tocar no rádio, os hits foram rareando para cessar em 1976.

Anos depois ele virou cult, sobretudo pela exposição que teve no livro Eu Não Sou Cachorro Não, de Paulo César Araújo, uma história do brega, que revelou ao Brasil que os bregas também foram censurados. Na verdade, a censura pegou até quem fazia música a favor da ditadura. Forrozeiros feito o Paraibano João Gonçalves foram mais censurados do que Odair José ou a maioria dos artistas da MPB.

Desde 2015, Odair José desdenhou os que o curtiam pela fase brega, e começou a tocar rock and roll, com os discos Dia 16 (2015), Gatos e Ratos (2016). Retoma o rock agora com Hibernar na casa das moças ouvindo rádio (Monstro Discos). Igual aos anteriores, é um disco com forte conteúdo político. Se em 1972, ele cantava Vou Tirar Você Desse Lugar, em 2019, o negócio está se tornando a maior zona, no sentido lato, que ele quer voltar para o lugar a que se refere na canção: a zona, no sentido estrito. Como se dizia em outros tempos: a casa das moças.

DISCO – A capa explica o disco (desenho de Roger Marx), que aproxima Odair José de músicos de outras gerações e estilos diferentes. Os convidados o VJ Thunderbird, a Nação Zumbi, Assucena Assucena e Raquel Virginia, da banda As Bahias e a Cozinha Mineira. O disco chega nesta sexta-feira às plataformas digitais.